Cinco décadas de independência que assinalam séculos de história, música e resistência. Para celebrar este marco, os Acácia Maior e Nancy Vieira prepararam um projeto onde a música cabo-verdiana se torna ponte entre passado e futuro. Uma noite de amizade, identidade e emoção.
Mais do que um concerto, esta será uma celebração viva dos 50 anos da Independência de Cabo Verde, um momento de homenagem e afirmação cultural, onde a música une gerações, entrelaça histórias e fortalece identidades.
Em palco, a elegância e profundidade da voz de Nancy cruza-se com a energia criativa dos Acácia Maior, num espectáculo em trio que reflecte não só a riqueza do património musical cabo-verdiano, como a profunda amizade e respeito dos artistas.
O convite partiu de Henrique Silva e Luís Firmino, inspirado na cumplicidade artística e pessoal construída ao longo de anos, e na colaboração anterior da qual resultou ‘Nôve Krêtxeu’, tema presente no mais recente álbum de Nancy Vieira, ‘Gente’. O desafio agora é mais ousado: explorar temas pouco conhecidos do cancioneiro de Cabo Verde, reinterpretá-los com arranjos inovadores e relacioná-los com o repertório de ambos, sempre com a cabo-verdianidade, a independência e a soberania nacional como pano de fundo.
Entre os temas escolhidos, destaca-se a nova versão de ‘Nôve Krêtxeu’, composições emblemáticas de ambos, assim como canções que marcaram o movimento de libertação. Clássicos de Manel D’Novas, Chico Serra, Nhô Balta (Baltazar Lima Barros) e Paulino Vieira são reinterpretados, com arranjos que, respeitando a tradição, introduzem novas e refrescantes roupagens.
Filha de combatentes da libertação nacional de Cabo Verde e Guiné-Bissau, Nancy Vieira cedo despertou para a música no efervescente ambiente cultural de São Vicente, onde absorveu influências diversas do fado, samba e blues, tendo na morna a sua grande inspiração.
Desde o início da sua carreira, bebeu da generosidade dos músicos cabo-verdianos mais velhos e, hoje, vê essa mesma herança agora espelhada em dois talentosos músicos contemporâneos: Luís Firmino e Henrique Silva, os Acácia Maior.
Nas suas palavras, afirma “tive o privilégio, a sorte, a honra, de desde o primeiro disco que gravei aos 18 anos, ter veteranos da música de Cabo Verde, instrumentistas que admirava muito, que tocavam com os meus ídolos a inspirar-me para cantar mornas e coladeiras. Vi e senti muito desses veteranos em dois rapazes de trinta anos, rapazes dos tempos de hoje, que se inspiram nesses veteranos, pioneiros da música tradicional, que na sua obra trazem sons e cores deste tempo, o tempo de Luís Firmino e Henrique Silva, sem se esquecerem daquilo que é a sua essência e a sua identidade."
Os Acácia Maior, por sua vez, representam uma nova geração de filhos da revolução. Uma dupla que se declara independente e que faz música cabo-verdiana livre de amarras. Admiradores de Nancy Vieira desde sempre, acompanharam a sua obra e inspiraram-se na sua autenticidade e trajectória. Não hesitam em afirmar que “a Nancy é uma grande inspiração para nós. Trabalhar com ela, especialmente num momento tão simbólico, é uma honra. Esta colaboração é sobre continuar a desenvolver bonitas sinergias e, acima de tudo, celebrar a amizade e o amor pela nossa música.”